A pandemia da covid-19 cobra respostas rápidas dos profissionais de saúde, tornando importante a participação de todos os níveis para possibilitar essa rapidez e a eficácia. A atenção primária nesse momento atenua seu papel fundamental como primeiro nível do cuidado e, especialmente, como único fornecedor de cuidado em comunidades com estruturas precárias.
Durante o mês de junho, foi realizado um inquérito online com profissionais e gestores da atenção básica afim de explorar os desafios da atenção básica e enfrentamento da pandemia de covid-19 no SUS. A pesquisa realizada sem financiamento por iniciativa da rede de pesquisa de atenção primária da saúde da ABRASCO com coordenação da USP, Fiocruz, UFPEL e Universidade Federal da Bahia, obteve informações provenientes de 1000 munícipios brasileiros. No dia 4 de agosto às 15 horas no canal do youtube TV ABRASCO foram apresentados os resultados da pesquisa, assim como foi realizado um debate.
Como salientou a pesquisadora Aylene Bousquat, no Brasil é mais difícil combater a pandemia pois vivemos em um cenário de crise política, sanitária e econômica.
A pesquisa foi realizada através de um websurvey entre os dias 25 de maio a 30 de junho de 2020 tendo como público alvo profissionais de saúde dos serviços de APS e gestores das secretarias municipais de saúde brasileiras. Com o questionário construído a partir dos 4 eixos propostos para atuação da APS no enfrentamento da pandemia, além de questões sobre infraestrutura, EPI e insumos, a pesquisa visou identificar os principais constrangimentos e as estratégias de reorganização da APS utilizadas no enfrentamento da Covid-19 nos municípios brasileiros.
Com 2566 participantes, agregando cerca de 58% da população brasileira, os gestores profissionais de diversas categorias ilustraram dados muito positivos mas também alguns dados alarmantes.
Os gestores notificaram dificuldade na compra de EPIs. E quanto a disponibilidade de insumos para atenção clínica ao usuário com Covid-19, em todos os insumos a maioria dos profissionais respondeu não ter disponibilidade ou não ter disponibilidade suficiente. Mais de 60% afirmou não ter termômetro infravermelho. Dentre os profissionais entrevistados apenas 34,3% tiveram capacitação para o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e em relação à covid.
A pesquisa explicita o novo cenário em que a criatividade é o carro chefe para eficácia do cuidado fornecido pelo profissional da saúde mostrando novas abordagens como o acompanhamento pelo whatsapp. Mas quando questionados sobre infraestrutura para atividades remotas, 40% dos entrevistados afirmou que unidade possuía internet regular. Sobre os celulares, 72% dos profissionais afirmaram precisar usar o celular pessoal.
Assista à apresentação completa dos resultados da pesquisa transmitida no dia 4 de agosto às 15 horas no canal do youtube TV ABRASCO.