II Seminário Internacional de Alimentação e Nutrição na APS

A Organização Mundial da Saúde tem apontado a necessidade dos sistemas públicos de saúde serem reorganizados prioritariamente a partir da Atenção Primária à Saúde (APS), reconhecendo seu papel na garantia do cuidado integral.

A Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DEPROS/SAPS/MS) do Ministério da Saúde (MS) do Brasil, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) realizará o II Seminário Internacional de Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, entre os dias 15 a 17 de fevereiro de 2022, das 14h às 18h (horário de Brasília).

Espera-se que os debates e discussões ao longo do evento possam auxiliar na construção de um modelo integrador das ações de alimentação e nutrição no processo de trabalho e organização da APS em âmbito nacional e internacional.

Inscreva-se através do link: https://nutricaoaps.com.br/

O estado da “privatização” do SUS

Fonte imagem: Jornal Contábil

Apesar das falhas causadas por subfinanciamento e má gestão, o modelo de atenção primária do SUS é considerado um sucesso e inspirou operadoras privadas a melhorar a eficiência e reduzir custos de assistência. Durante a pandemia de Covid-19, nos municípios com uma APS organizada e fortalecida, houve não só um número menor de infectados e mortos, devido ao trabalho de vigilância e rastreamento dos casos, como também os demais pacientes com outros problemas de saúde continuaram sendo cuidados.

Uma equipe de atenção primária bem capacitada e com uma boa estrutura física disponível é capaz de resolver até 80% das queixas dos pacientes,como mostra a literatura internacional.

Segundo reportagem publicada na Folha de São Paulo, atualmente as empresas privadas com ou sem fins lucrativos já são responsáveis por 73% dos 3.013 serviços públicos de saúde. Em quatro anos, a gestão terceirizada de unidades de saúde dos municípios brasileiros subiu de 10,6% para 13,2%. Do ponto de vista administrativo e jurídico, a terceirização da saúde pública existe e hoje já acontece no SUS por meio das Organizações Sociais e PPPs (Parcerias Público Privadas), onde o poder público repassa os recursos e o setor privado executa os serviços.

Nesses casos, os serviços públicos de saúde do município são garantidos por uma entidade não governamental (ONGs, instituições filantrópicas, santas casas, empresas, associações e outras entidades do Terceiro Setor, por exemplo).

Mesmo quando a gestão é terceirizada, o serviço de saúde continua sendo responsabilidade dos municípios. Dos 3.013 estabelecimentos de saúde sob responsabilidade municipal: 58,3% são gerenciados por organizações sociais; 15% por empresas privadas; 11% por consórcios públicos; 9,4% por fundações; 72,4% estão no Sudeste, sobretudo no estado de SP; nos municípios com até 5.000 habitantes, 65% dos serviços de saúde, geridos por organizações sociais.

Quer saber mais? Leia as reportagens completas aqui

Coluna Folha de São Paulo aqui

Obesidade em alta entre os usuários da Atenção Básica, revela pesquisa

Os dados do segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 18 de novembro desse ano, revelaram a alta na obesidade e uma avaliação abaixo da média à Atenção Primária à Saúde.

Entre o grupo com 18 ou mais, 25,9% estavam obesos em 2019 e o equivalente a 60,3% da população nesse grupo apresentava excesso de peso.

Segundo o IBGE, tanto os índices de obesidade e sobrepeso crescem conforme o avanço das faixas de idade, exceto no grupo de pessoas com 60 anos ou mais. E as mulheres têm maior prevalência de obesidade que os homens em todos os grupos de idade.

A pesquisa mostrou também que 52% das pessoas de 18 anos ou mais informaram ter recebido diagnóstico de pelo menos uma doença crônica em 2019.

A PNS abordou a Atenção Primária à Saúde (APS) pela primeira vez, tendo como público alvo moradores com 18 anos ou mais que tiveram pelo menos dois atendimentos com o mesmo médico em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Unidades de Saúde da Família (USF). Através dos questionários elaborados foi calculada uma pontuação que poderia variar a de 0 a 10. Enquanto a pontuação indicativa de um serviço de excelência deveria estar acima de 6.6, o Brasil pontuou apenas 5.9. No entanto, entre os grupos que realizam mais visitas às Unidades de Saúde a pontuação foi maior. Entre aqueles com diabetes a nota foi 6.3, 6.2 entre hipertensos e 6.1 entre aqueles que foram diagnosticados com depressão.

Para saber mais sobre os dados da pesquisa acesse o boletim divulgado pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 9º Região (Minas Gerais) e a reportagem realizada pela Agência Brasil.

Futuro do SUS depende de Atenção Básica

O SUS completou 32 anos no ano do COVID-19 e demonstrou seu papel fundamental  no combate à pandemia, mas a crise sanitária também evidenciou seus problemas: a desigualdade no acesso a serviços entre as regiões do país e o subfinanciamento.

“Em 1988, na Constituição, a sociedade brasileira decidiu que o Brasil teria um sistema de saúde público e universal. Antes do SUS, desempregados não tinham acesso a um hospital ou posto de saúde público, e para muitos brasileiros restava afila da filantropia”.

Para os especialistas ouvidos pelo jornal Valor, para ampliar o atendimento e melhorar a eficiência do SUS é preciso mais financiamento (mesmo em tempos de ajuste fiscal), reforço da atenção primária, alteração do atual pacto federativo, com redução do papel dos municípios e criação de redes regionais de atendimento para média e alta complexidade, qualificação da gestão e revisão da atual política de incorporação de tecnologia, que ao possuir estruturas paralelas para o setor público e o privado, abre espaço para a judicialização na saúde.

Em entrevista ao jornal Valor, pesquisadores analisam pontos desta agenda e ressaltam que ela tem pontos de difícil execução, mas concordam que o futuro do SUS deve passar por uma reorientação da visão de saúde, com foco na atenção básica, afinal saúde preventiva é mais barata que o modelo hoje dominante, de uma saúde que trata os sintomas.

Leia reportagem completa aqui

Desafios da Atenção Básica no enfrentamento do covid-19 no SUS

A pandemia da covid-19 cobra respostas rápidas dos profissionais de saúde, tornando importante a participação de todos os níveis para possibilitar essa rapidez e a eficácia. A atenção primária nesse momento atenua seu papel fundamental como primeiro nível do cuidado e, especialmente, como único fornecedor de cuidado em comunidades com estruturas precárias.

Durante o mês de junho, foi realizado um inquérito online com profissionais e gestores da atenção básica afim de explorar os desafios da atenção básica e enfrentamento da pandemia de covid-19 no SUS. A pesquisa realizada sem financiamento por iniciativa da rede de pesquisa de atenção primária da saúde da ABRASCO com coordenação da USP, Fiocruz, UFPEL e Universidade Federal da Bahia, obteve informações provenientes de 1000 munícipios brasileiros. No dia 4 de agosto às 15 horas no canal do youtube TV ABRASCO foram apresentados os resultados da pesquisa, assim como foi realizado um debate.

Como salientou a pesquisadora Aylene Bousquat, no Brasil é mais difícil combater a pandemia pois vivemos em um cenário de crise política, sanitária e econômica.

A pesquisa foi realizada através de um websurvey entre os dias 25 de maio a 30 de junho de 2020 tendo como público alvo profissionais de saúde dos serviços de APS e gestores das secretarias municipais de saúde brasileiras. Com o questionário construído a partir dos 4 eixos propostos para atuação da APS no enfrentamento da pandemia, além de questões sobre infraestrutura, EPI e insumos, a pesquisa visou identificar os principais constrangimentos e as estratégias de reorganização da APS utilizadas no enfrentamento da Covid-19 nos municípios brasileiros.

Com 2566 participantes, agregando cerca de 58% da população brasileira, os gestores profissionais de diversas categorias ilustraram dados muito positivos mas também alguns dados alarmantes.

Os gestores notificaram dificuldade na compra de EPIs. E quanto a disponibilidade de insumos para atenção clínica ao usuário com Covid-19, em todos os insumos a maioria dos profissionais respondeu não ter disponibilidade ou não ter disponibilidade suficiente. Mais de 60% afirmou não ter termômetro infravermelho. Dentre os profissionais entrevistados apenas 34,3% tiveram capacitação para o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e em relação à covid.

A pesquisa explicita o novo cenário em que a criatividade é o carro chefe para eficácia do cuidado fornecido pelo profissional da saúde mostrando novas abordagens como o acompanhamento pelo whatsapp. Mas quando questionados sobre infraestrutura para atividades remotas, 40% dos entrevistados afirmou que unidade possuía internet regular. Sobre os celulares, 72% dos profissionais afirmaram precisar usar o celular pessoal.

Assista à apresentação completa dos resultados da pesquisa transmitida no dia 4 de agosto às 15 horas no canal do youtube TV ABRASCO.