Covid-19 e tabagismo: mais chances de hospitalização

Depois de mais de um ano e meio da pandemia de coronavírus, a incógnita sobre a relação entre cigarro e covid-19 tem sido tamanha que os resultados de diferentes estudos científicos apontaram desde um maior risco para fumantes à possibilidade de um efeito protetivo do tabaco.

Um estudo britânico, realizado com informações do banco de dados do sistema nacional de saúde do Reino Unido, o UK Biobank, que contém informações sobre meio milhão de pessoas, analisou formações sobre testes positivos, hospitalizações e mortes por covid-19 em 2020. Foram classificadas as pessoas entre as que nunca fumaram; as ex-fumantes; e as fumantes.

Os autores descobriram que os fumantes tinham 80% mais chances de serem hospitalizados com covid-19 do que as pessoas que nunca fumaram.
Observou-se que entre os fumantes pesados os dados eram mais críticos, sendo a chance de infecção, internação e óbito 2,5 vezes, 5 vezes e 10 vezes mais respectivamente.

Leia a notícia na íntegra publicada no site da BBC Brasil, clique aqui.

Alfabetização na pandemia

Crianças de 5 a 10 anos foram as mais afetadas, mostra pesquisa

Qual é o impacto da pandemia em crianças que estão em fase de alfabetização e da consolidação da leitura, da escrita e dos fundamentos matemáticos, estágio crucial do desenvolvimento escolar? Reportagem da BBC Brasil mostra que as crianças na faixa etária dos 5 a 10 anos foram as mais vulneráveis no ensino remoto, já que elas tem pouca autonomia para acompanhar as aulas on line, e, portanto, o contato próximo aos professores fez muita falta.

Em abril, uma pesquisa divulgada pela Unicef e a organização Cenpec Educação apontou que a faixa etária correspondente ao ensino fundamental 1 foi a mais afetada pela exclusão escolar durante a pandemia. Segundo a pesquisa, das mais de 5 milhões de crianças e adolescentes que estavam sem acesso à educação no Brasil em novembro de 2020, cerca de 40% tinham entre 6 e 10 anos de idade.

Um ponto crucial é que, até a ruptura causada pela pandemia, essa era uma faixa etária em que o ensino estava praticamente universalizado no Brasil, ou seja, quase todas as crianças dessa idade frequentavam a escola.

Agora, a pandemia reverteu, pelo menos temporariamente, essa universalização e corre o risco de trazer retrocessos em conquistas obtidas ao longo de décadas, aponta o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social e especialista em mensuração de desigualdades.

“Era a faixa etária onde a gente havia tido grandes avanços não apenas na universalização, a partir dos anos 1990, mas também na aprendizagem”

Marcelo Neri

Agora, uma preocupação de especialistas e educadores é que as lacunas na alfabetização durante a pandemia, caso não sejam enfrentadas, virem uma bola de neve que prejudique o desempenho das crianças nas etapas seguintes de ensino.

Para ler a notícia na íntegra publicada pela BBC Brasil, clique aqui

A devastação na saúde mental de profissionais de saúde na pandemia de coronavírus

A BBC realizou uma matéria onde mostra a visão dos profissionais da saúde durante esse período, um olhar que consiste nas perdas diárias de pacientes e até mesmo de colegas de trabalho. Os quase 12 meses enfrentando a pandemia têm deixado profissionais de saúde de hospitais e lares para idosos à beira do colapso mental, advertiu à BBC a britânica Claire Goodwin-Fee, diretora de uma organização que oferece apoio psicológico gratuito a equipes médicas no Reino Unido.
Goodwin-Fee explicou a dimensão dos problemas mentais e do fardo que têm sido vivenciados pelas equipes de saúde na linha de frente contra o coronavírus. Segundo ela, os profissionais de saúde não conseguem ter tempo hábil para processar a quantidade de mortes recorrentes, resultando em traumas que ultrapassam os muros hospitalares, levando essas preocupações para casa, onde imaginam se vão contaminar seus familiares.
Equipes de cuidados médicos domiciliares também tiveram dificuldades por conta do momento, relatando que muitos se mudaram para os asilos para não correr riscos de transmitir a doença com o deslocamento casa-trabalho. Alguns destes relatam que perderam cerca de 70% de residentes em lares de idosos.

“Há também médicos morando em garagens ou hotéis, mantendo-se distantes de seus entes queridos, porque sabem que a nova variante (do coronavírus) é mais contagiosa então precisam protegê-los — ao mesmo tempo em que têm de ser mães e pais, avós e avôs. E tem gente que diz ‘a covid-19 não existe’.”

Goodwin-Fee.

Claire relata que mesmo ataques terroristas não deixaram estes profissionais tão abalados como essa doença está deixando. De acordo com ela, muitos destes profissionais estão adquirindo transtorno de estresse pós-traumático complexo (TEPT). Segundo a matéria, o numero total em dias de licença por problemas de saúde mental pelos profissionais de saúde britânicos até o mês de outubro, foi de 500 mil dias, o que revela como estes profissionais estão cada vez mais fragilizados durante a pandemia.

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Como (sobre)vive uma família com um salário mínimo?

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Como é possível fazer um salário mínimo durar o mês inteiro como a única renda de uma família? A realidade de grande parte da população brasileira foi tema da  reportagem da BBC Brasil , que conta a história de três famílias que, com muitas dificuldades, sobrevivem às condições de pobreza às quais se encontram.

Escolhas diárias são feitas por famílias que vivem com um salario mínimo, de R$937, na cidade de São Paulo. Para ter alimento na mesa, é preciso optar entre comprar remédio ou comida. A higiene é deixada de lado para que se possa ter um pedaço a mais de carne na mesa e as goteiras são aguentadas porque, se for gasto dinheiro para consertar o telhado, faltará para a alimentação das crianças. Há ainda quem ande quilômetros para conseguir alimentos mais baratos para a produção de quentinhas e, assim, obter lucro. Os chefes dessas famílias contam como fazem pra sobreviver o mês inteiro com esse valor e evitar morar na rua.

A primeira família é composta por um casal, Renata e Reginaldo, e seus três filhos, de oito, cinco e dois anos de idade, que vivem na favela de Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo. Às vezes, precisam pedir dinheiro emprestado para passar o mês e, todos os sábados, Renata vai à feira para reaproveitar alimentos descartados pelos feirantes, que consistem em verduras e legumes parcialmente estragados. Eles residem em um imóvel alugado por R$250, valor que toma mais de um quarto do salário de auxiliar de limpeza, que os sustenta. Em dias de chuva, eles não dormem com medo de o barraco desabar. O sonho do casal é ter uma casa própria.

Em uma ocupação em São Paulo, local que tem como objetivo aliviar o custo do aluguel e mostrar ao poder público que há espaços valiosos e ociosos na cidade, vive o pedreiro Carlos Augusto. Cansado de viver no limite do orçamento, decidiu erguer um barraco com teto de lona, colocar um colchão dentro e morar lá. Porém, a esposa e filhos não podem ficar com Carlos. O filho mais velho do casal sofre de epilepsia e atraso mental, razão que fez a mãe largar o emprego como doméstica para cuidar dele e alugar uma casa de dois cômodos no valor de R$400, para que o rapaz tenha um mínimo de conforto. A única renda segura com a qual a família pode contar é o beneficio que recebem devido à deficiência do filho. Como complemento, o pedreiro às vezes consegue bicos, ganhando R$100 por dia. Carlos não sai da ocupação, pois, em sua visão, ali seria um local ideal para a construção de moradias populares.

A terceira família mora em um cortiço dividido com mais três outras, no centro de São Paulo. É composta pela mãe, Renata Moura, e seus sete filhos. Ela já chegou a morar na rua com dois filhos. Para sobreviver, vende marmitex na região da cracolândia. O aluguel de sua moradia custaria R$400 mensais, porém, por conhecer a dona do imóvel, ela consegue uma flexibilidade. Renata paga de acordo com o desempenho de suas vendas – num dia bom chega a vender 50 marmitex por R$15 cada.

Os pais de família que recebem apenas um salário mínimo costumam ter algumas características em comum, como a baixa escolaridade e a infância marcada pela pobreza e pela necessidade de trabalhar. Uma história que tentam evitar que se repita com seus filhos, por mais que nem sempre seja possível obter sucesso nessa tarefa. A família de Paraisópolis deseja que os filhos estudem e obtenham sucesso profissional, entretanto, o mais velho, com oito anos de idade, ainda não começou a 1ª série. O motivo é que sua certidão de nascimento foi danificada e o casal ainda não conseguiu renová-la. Isso também fez com que perdessem o benefício Bolsa Família. Já a comerciante de marmitas, relatou que não conseguiu evitar que os filhos deixassem de estudar para ajuda-la no trabalho. Essa realidade impede a mudança de classe social.

Segundo especialistas, para que uma família de quatro pessoas tenha condições básicas para viver, o salario mínimo brasileiro deveria ser de R$3.810,36, valor quatro vezes maior que o atual. O valor de R$937 seria o mínimo ideal para sobreviver em novembro de 1999, logo, as famílias da reportagem possuem um atraso de quase 20 anos no orçamento.