Obesidade abdominal associada à fraqueza muscular: riscos aumentados

Um estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em parceria com a University College London (Reino Unido) analisou 3.952 britânicos com mais de 50 anos durante 8 anos e concluiu que indivíduos com obesidade abdominal e fraqueza muscular (dinapenia) apresentaram 234% mais chances de desenvolver síndrome metabólica do que aqueles sem nenhuma das duas condições. Esse risco é quase o dobro do observado apenas em pessoas com obesidade abdominal (126%).

A combinação dessas condições, obesidade abdominal e fraqueza muscular, representam um risco acentuado para a saúde maior do que quando se manifestam isoladamente. A fraqueza muscular facilita a infiltração de gordura no músculo, prejudicando diversas vias metabólicas importantes como a da insulina, glicose e lipídios, contribuindo também para o aumento da pressão arterial e a inflamação.

Os resultados desse estudo foram publicados no Journal of Nutrition, Health and Aging, onde os pesquisadores evidenciam que a prática de exercícios físicos regulares (aeróbicos e resistidos) são fundamentais para manutenção e ganho de força muscular durante o envelhecimento, o que auxilia para prevenção a síndrome metabólica.

Importante saber:

A síndrome metabólica é um fator de risco contribuinte para doenças cardiovasculares e composta por cinco condições: obesidade, triglicérides altos, glicemia alta, HDL baixo e pressão alta. Além disso, a fraqueza muscular não se caracteriza apenas pela perda de força, mas também a infiltração de gordura e inflamação no músculo, reduzindo a sinalização de insulina, provocada por uma maior resistência ao hormônio, além de mudanças no metabolismo da glicose e aumento de gordura no sangue.

Com o envelhecimento, ocorre um aumento natural do tecido adiposo e inflamação crônica de baixo grau, que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome metabólica. A obesidade abdominal já era considerada um dos fatores de risco para síndrome metabólica, mas o estudo mostra que, quando combinada com a fraqueza muscular esse risco é ampliado.

Um estudo anterior, realizado pelos mesmo grupo de pesquisadores, demonstrou que a combinação de obesidade abdominal e fraqueza muscular aumenta em 85% o risco de morte por doenças cardiovasculares em pessoas com mais de 50 anos.

Assim, o estudo evidencia a importância de se manter um estilo de vida saudável com pratica de atividade física regular para prevenir o desenvolvimento de síndrome metabólica e reduzir o risco de doenças cardiovasculares, principalmente após os 50 anos. Combater a obesidade abdominal e manter a força muscular são medidas cruciais que auxiliam a alcançar esse objetivo.

A matéria completa pode ser lida aqui: 

E o artigo Dynapenic abdominal obesity as a risk factor for metabolic syndrome in individual 50 years of age or older: English Longitudinal Study of Ageing pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1279770724002148?via%3Dihub.

Comida de verdade na boca do povo: 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) e a 6º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN)

No final de 2023, foram realizados dois eventos importantes: o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) e a 6º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN). A pauta em discussão nesses eventos foi a relação entre a qualidade do que se come e a forma como esses alimentos são produzidos com foco na agroecologia e na segurança alimentar e nutricional. Além disso, abordou-se a importância da comida de verdade, definida como aquela que promove alimentação adequada e saudável, e os desafios para garantir o acesso a essa comida para todos.

O que é agroecologia?

Podemos compreende-la como uma ciência, movimento político e prática social que busca desenvolver sistemas agroalimentares sustentáveis, por meio de uma análise crítica do modelo do agronegócio, com ênfase nos impactos negativos causados ao meio ambiente, à saúde humana e à segurança alimentar e nutricional das populações ao redor do globo.

Os defensores desse modelo de cultivo e produção de alimentos, enxergam a agroecologia como sendo fundamental para garantir o acesso à comida de verdade, pois promove a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis. Enquanto o modelo atual de agronegócio é insustentável e contribui para o aumento da fome, degradação ambiental e para as mudanças climáticas. Defendem o investimento em políticas públicas que incentivem a prática agroecológica e ampliação da agricultura familiar.

Dentre os principais debates realizados nesses eventos esteve em pauta a relação entre a alimentação e os direitos humanos, visto que o direito à alimentação adequada e saudável é um direito humano fundamental, que vem sendo violado pelo modelo de agronegócio, que nega o acesso à comida de verdade para milhões de pessoas, no Brasil e no mundo. A agroecologia tem se mostrado como uma ferramenta essencial para garantir o direito à alimentação adequada e saudável para todos.

A agroecologia tem se mostrado como um caminho para garantir a segurança alimentar e nutricional, auxiliando no desenvolvimento sustentável. Mas para isso é necessário um compromisso político com a agroecologia e a agricultura familiar para construir um sistema alimentar mais justo, menos desigual, saudável e sustentável.

Confira a matéria na integra em: https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/comida-de-verdade-na-boca-do-povo

Ultraprocessados causam 57 mil mortes no país

Os alimentos ultraprocessados são responsáveis por dezenas de milhares de mortes por ano no Brasil, tal como aponta um estudo feito em parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidad de Santiago de Chile. O país acumula, na visão dos especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, um histórico de prioridades erradas: concede uma série de subsídios e incentivos fiscais que barateiam e tornam mais acessíveis os produtos industrializados — como salsicha, macarrão instantâneo e refrigerante — enquanto dá pouco apoio à produção de frutas e legumes, principalmente de pequenos produtores.
O estudo que avaliou os impactos sobre a saúde dos alimentos ultraprocessados apontou que eles foram responsáveis pela morte de 57 mil pessoas no Brasil, com base em dados de 2019, os mais recentes disponíveis sobre o tema. Para efeito de comparação, no mesmo ano, 45,5 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

Um decreto assinado em abril de 2022, pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para extratos e concentrados usados na produção de refrigerantes. A medida, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), representava um subsídio de até R$ 1,8 bilhão para a indústria de refrigerantes em três anos.

Economista da FGV e coordenador-adjunto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Andre Braz, diz que, em 2022, o preço dos alimentos in natura subiu mais do que os de processados e ultraprocessados. A inflação medida pelo IPC em dezembro de 2022 foi de 4,3%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, a cebola subiu 114,66%, a maçã 57,53%, a batata inglesa, 52,56% e a banana nanica, 35,96%.

Para Maria Paula de Albuquerque, pediatra e nutróloga do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren), são necessários a adoção de leis para desestimular o consumo de ultraprocessados no país, incentivos fiscais ao pequeno agricultor, favorecer hortas comunitárias para valorizar o consumo de alimentos frescos e com alto teor nutritivo e taxar alimentos que causam doenças:

“A gente tem que proporcionar escolhas melhores para o consumidor. Ou seja, comida de verdade. Hoje, não temos problemas na produção de alimentos. O Brasil tem alimento para todos, mas nem sempre isso é acessível. Precisamos garantir o direito à alimentação adequada, reforçar as práticas de educação nutricional nas escolas e comunidades e fortalecer as macropolíticas e governança sobre o tema.”

Leia a matéria completa aqui .

Assentamentos do MST no Sul enfrentam gargalo nas vendas de arroz orgânico

Os agricultores que fazem parte do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) têm sido os maiores produtores de arroz orgânico da América Latina e mostram sua importância dentro de um cenário de insegurança alimentar no Brasil. Há cinco anos, o MST contava com 616 famílias de 22 assentamentos envolvidas, mais de 5.000 hectares de área plantada e estimativa de colheita de 550 mil sacas.

De acordo com a Folha de São Paulo, uma das principais dificuldades do movimento é a venda de alimentos para cidades e estados, chegar ao consumidor nas prateleiras. A maior parte do mercado do arroz do MST é institucional via Programa Nacional de Alimentação Escolar, e para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O MST aguarda resultado da seleção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela estatal, para tentar viabilizar vendas neste ano.

“Estranho que, mesmo atendendo critérios de público prioritário, como percentual de mulheres, orgânicos e assentados da reforma agrária, nosso projeto não foi contratado em 2020. Inscrevemos novamente”

Nelson Krupinski, da cooperativa da região de Porto Alegre (Cootap)

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Crise atrapalha luta para conter consumo de alimentos ultraprocessados

A pandemia aumentou o consumo de alimentos ultraprocessados no país e desacelerou a tendência da regulação destes alimentos, afirma o professor Rafael Claro, do departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, em reportagem publicada pela Folha de S. Paulo.

Não é de hoje que os ultraprocessados tomaram destaque na mesa dos brasileiros, pela grande oferta, uma vez que sua tecnologia de produção industrial propicia a facilidade de armazenamento e o menor preço deste tipo de produto. Por outro lado, seu alto consumo representa um problema para a saúde, já que o nível de transformação é tão alto que faz com que os alimentos percam as características originais e possuam sódio, gorduras e açúcares em excesso.

Para diminuir o consumo de ultraprocessados pela população, iniciativas vêm sendo tomadas aqui e no mundo. No Brasil, produtos com alta concentração de açúcar, sódio e gorduras saturadas deverão, a partir de outubro de 2022, apresentar essas informações na frente de suas embalagens. A medida pretende alertar o consumidor sobre alimentos que ultrapassem valores determinados pela Anvisa para esses itens e estimular a indústria a reformular produtos, de maneira a evitar a rotulagem.

Carlos Augusto Monteiro, que coordena o Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), da USP, cita estudos em diversos países que isolaram os efeitos de outras variáveis, como prática de atividades físicas, consumo de cigarro e álcool, e mostraram a relação entre alimentação com ultraprocessados e desenvolvimento de obesidade, diabetes e hipertensão.

O problema, para Monteiro, é que ultraprocessados são feitos para consumo excessivo. ‘‘Sua fórmula é manipulada de maneira a encontrar um tipo de paladar, aroma e textura que faça a pessoa comer sem parar. Refrigerante não é feito para saciar a sede. A pessoa quer continuar tomando.”

Entretanto, segundo Ana Paula Bortoletto, consultora do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) os limites definidos pela Anvisa são mais altos que os recomendados pela Organização Panamericana de Saúde, muitos alimentos que deveriam ter a advertência não vão recebê-la. Daí a urgência de políticas públicas mais efetivas. Mas o país caminha lentamente neste tema.

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