Nova cesta básica X ultraprocessados

A nova cesta básica, decretada em março, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, priorizou os alimentos in natura e vetou a presença de alimentos ultraprocessados.

Essa mudança na tributação foi uma “grande vitória” segundo a chef de cozinha Rita Lobo – autora de diversos livros sobre receitas e apresentadora do programa Cozinha Prática, que vai ao ar no canal GNT – e a pesquisadora Ana Paula Bortoletto, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS). Elas foram entrevistadas pela jornalista Julia Duailibi no podcast “O Assunto” (ouça aqui).

Rita Lobo explicou que é preciso ter cuidado com a escolha dos alimentos, tendo em vista que a indústria de ultraprocessados está atenta ao comportamento dos consumidores e, por isso, criam e adaptam produtos de acordo com o interesse deles, mas que não necessariamente são saudáveis e continuam sendo ultraprocessados.

Já Ana Paula Bortoletto comenta sobre a nova regra de rotulagem dos alimentos, que obriga os fabricantes a colocarem alertas nos rótulos dos produtos com alto teor de açúcar, sódio e gordura saturada, e os impactos dessa mudança.

É possível escutar o podcast em diversas plataformas de áudio ou na página do G1, clicando aqui.

No mundo, 50% das crianças de até 5 anos estão subnutridas

Após 20 anos, O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulga em seu um novo relatório “Situação Mundial da Infância 2019: criança, alimentação e nutrição” números assustadores sobre a situação da saúde infantil no mundo: 1 a cada três crianças de até 5 anos não recebe nutrição adequada.

A fome oculta acomete metade de nossas crianças (340 milhões em todo mundo). Esta fome é definida como a falta de 1 ou mais dos 26 micronutrientes necessários para o organismo, segundo a OMS. Ela pode afetar o crescimento e o desenvolvimento físico e mental, além de alterações cognitivas, perda de massa óssea, anemia e diminuição da capacidade do sistema imunológico.

Concomitante à desnutrição, a epidemia de obesidade entre as crianças avança. Entre 200 a 2016, dobrou a proporção de obesidade entre a população de 5 a 19 anos, saltando de 10 a 20%.

A desigualdade socioeconômica intensifica os marcadores nutricionais. Por causa da pobreza e da exclusão, as crianças mais desfavorecidas enfrentam o maior risco de todas as formas de desnutrição.

O documento estima que cerca de 45% de crianças iniciam a complementação alimentar sem consumir adequadamente frutas e legumes. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses acontece apenas entre 40% da população infantil. A recomendação feita pela OMS e pela Unicef é de aleitamento materno exclusivo até 6 meses, e continuado até pelo menos 2 anos de idade apesar da introdução alimentar.

O desenvolvimento econômico parece ter influência no consumo de fórmulas infantis em substituição ao leite materno. Países de economia emergente como Brasil, China e Turquia, as vendas desses produtos cresceram 72% entre 2000 e 2013.

No Brasil

Segundo a OMS, em relatório de 2017, apenas 38,6% dos bebês de até 5 meses são alimentados exclusivamente com leite materno.

Em 2017, o Ministério da Saúde registrou 15 mortes por dia decorrentes da desnutrição. Sugerindo o retorno do país ao mapa da fome, onde 427.551 crianças menores de 5 anos assistidas pelo programa Bolsa Família apresentavam algum grau de desnutrição.

A desnutrição crônica no país é ainda mais prevalente entre a população indígena: 28,6% destas estão desnutridas, chegando ao aterrorizante percentual de 79,3% entre a infância ianomâmis.

Desafios e caminhos

O relatório aponta como solução o investimento em políticas públicas de saúde, água, saneamento, educação e proteção social. Aqui, no Brasil, a inquietação aflige pois o principal órgão que debate os sistemas alimentares, o CONSEA foi extinto no primeiro ato do atual governo, sugerindo a falta de interesse político de combate a desnutrição, obesidade e da fome.

Leia a reportagem completa em: http://bit.ly/relatorioUNICEF

O relatório está disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/5566/file/Situacao_Mundial_da_Infancia_2019_ResumoExecutivo.pdf

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